Os Piropos e a Construção Civil

É certo e sabido que ninguém manda piropos como os senhores da construção civil, vulgarmente conhecidos como os homens das obras. E porque é que eles são conhecidos? Não é por mandarem-nos (os piropos) a todas as moças, senhoras, raparigas, mulheres e afins que passem na rua, ou pelo facto de o fazerem de maneira a que todo o transeunte que se encontre num raio de cerca de 2km consiga ouvir. O que distingue o homem das obras do resto dos homens deste mundo que enviam piropos é o facto de o piropo do homem das obras é original e não é ordinário...roça o ordinário!

Por exemplo, nenhum homem das obras que se preze vai dizer "És boa comó milho!". É logo despedido. É demasiado...como dizer?...vulgar! O homem das obras diz "Ó febra! Anda cá para junto da minha brasa!". E vejam como este piropo não chega a ser ordinário ou pelo menos, não o é de uma maneira directa e agressiva como "És mesmo boa! Fazia-te cenas muita giras, tais como amarrar-te a uma cama e..." já estão a ver aonde é que isto vai dar, certo?

Eu penso que o piropo de um homem das obras mais ordinário (porém, o mais criativo) que eu já ouvi até hoje é um piropo típico do Norte e que me foi contado pela minha caríssima amiga Brie hoje à tarde, no Metro. Devo de avisar que esta expressão pode ferir a susceptibilidade de certos e determinados cibernautas...ou se calhar não...se calhar eu é que sou um mariquinhas! Bom, então cá vai: "Ó morcona! Comia-te o sufixo!"...Confesso que quando ouvi a primeira vez não percebi e só depois fiz um "Ahhh!" de esclarecimento e depois um "Hooo!" de escandalizado. Sim, porque convenhamos que é das coisas mais ordinárias que ouvi nos últimos 15 anos! Outro grande piropo que a minha amiga Brie me deu a conhecer é um piropo diferente pela querideza e fofura. O piropo é o seguinte: "Vai para a sombra, que um bombom como tu, ao sol, derrete!"

Agora a grande questão: porque é que os senhores das obras têm esta necessidade de enviar piropos? Eu acho que os piropos são um meio de comunicação entre as várias empreitadas. Do género, se os homens das obra que estão a construir um prédio na avenida de Roma precisarem de um quilo de cimento pedem "Ó flor! Dá pra pôr?" e como os tipos que estão a restaurar um edifício na Baixa têm uns quilos de cimento a mais respondem "Ó Costeleta! Anda cá assar no meu grelhador!" e assim se fazem as trocas de mercadorias na construção civil.

E há ainda o facto de os homens das obras sofrerem uma transformação quando sobem para o andaime. Cá em baixo, com o resto da ralé, são pessoas vulgares como nós, pacatos cidadãos...quando sobem para os andaimes, eles tornam-se HOMENS DAS OBRAS!