sexta-feira, 1 de maio de 2009

Lá para os lados do Ramalhete II – A Missão

Ah…já estou recuperadito.

Ora bem…onde é que eu ia? Ah, já me lembro. Íamos na 24 de Julho, certo? Na 24 de Julho dá-se um fenómeno mui curioso nas noites de sair à noite. Às horas certas pode se ver, no passeio desta enorme avenida, mais tráfico do que no alcatrão, frequentado por moços de blazer e moças de vestido, todos curiosamente mui parecidos uns com os outros… E depois, maravilha das maravilhas, todo o mundo se conhece nesta longa caminhada! E se isto foi verdade comigo, pessoa mal amada que não gosta do mundo, odeia toda a gente e foge das pessoas, há de ser ainda mais verdade para os tipos todos bonitinhos de blazer ou para as moças todas jeitosas à fresca!

Toda esta caminhada culmina numa rampa, a chamada Rampa de Santos, que segundo ouvi dizer é muito divertida para subir com os saltos altos que as moças costumam trazer para sair à noite. E no fim da rampa lá chegamos aos bares de Santos! Aqui os nomes deixam de ser tão fashions como os restaurantes de que falei no último poste. Aqui os bares são “Vaca Louca”, “Litro e Meio” ou “Marretas”, o que ilustra bastante bem o estado de quem lá passa. Diria mesmo que “um litro e meio” de o que quer que seja que eles vendam nestes bares deixa qualquer “vaca louca” como os “marretas”!!!(peço desculpa pela frase anterior…foi-me inevitável fazer este trocadilho idiota mas não se preocupem que já está cumprido o ritual de auto punição em situações como esta, que consiste em bochechar um copo de potassa)

Mas, meus amigos, a parte mais curiosa das saída à noite ainda está para vir. Chama-se DISCOTECA!!! Para muitos é aqui que se atinge o auge da noite, o derradeiro ecstasy, o…eh lá! É melhor parar aqui que isto ainda se torna demasiado sexual. Para mim também foi algo…diferente.

Primeiro há algo estranhíssimo. Serei só eu quem associa a palavra convite a entrar sem pagar? Quero dizer, quando recebo um convite para algo, há partida quer dizer que não terei de pagar para ir a esse algo. Não no estranho mundo das Discotecas. Neste mundo, há de facto convitesConvite Loft que uma legião de RPs(a maneira fashion de dizer Relações Públicas) distribui de maneira muito profissional, como se fossem absolutamente raros e necessários para entrar nas festas das discotecas, quando na verdade estes convites podem facilmente encontrar-se no chão. E, mesmo sendo um convite, tem de se pagar. E não é pouco, meus caros! 12 euros para os moço, 6 para as moças. E sobre esta discriminação positiva já falarei. Mas há, de facto, quem entre sem pagar. Os Guests! Os amigos dos RPs…isto é tudo uma grande máfia, senhoras e senhores. Eu sei que amanhã vou acordar com uma cabeça de cavalo na cama. Ou uma bola de espelhos.

Ok, então já temos o convite maravilha, temos dinheiro. Agora só precisamos de esperar 3 horas e meia numa fila gigante para entrar na Discoteca, certo? HHOOOONNNNN! Errado! Temos primeiro que passar pelos porteiros. Ah os míticos porteiros… Os porteiros são uma autêntica raça à parte. Todos temem os porteiros das Discotecas. Os porteiros são Deus. O porteiro decide quem entra e quem não entra só porque o porteiro pode! E também porque tem uma comitiva de capangas gorilas enormes que fazem qualquer alma mais fraquinha fazer cocó nas cuecas, o que parecendo que não pode estragar uma noite a um gajo (acreditem, pode…). O que acontece a um tipo cujo aspecto não agrade a Deus, perdão, porteiro é que lhe é exigido não sei quanto bué da euros. E isto, meus amigos, posso confirmá-lo por experiência própria! Nos tempos áureos em que me assemelhava ao Zé Manel dos Fingertips em termos capilares(‘snif’) foi me barrada a entrada numa Discoteca com manteiga(que piada estúúúpida!): boas!, digo eu todo convicto a entrar na Discoteca, Ah desculpe lá mas são 500 euros, respondeu o simpático porteiro, Quanto!?, 500 euros. Ah…então deixe lá isso. Claro que esta conversa é um puro eufemismo, que aquilo acabou tudo à navalhada e às cuspidelas. Isto geralmente acontece a tipos como eu, que têm o azar de não ser…eh, como é que se diz? igual, é isso! ao resto do pessoal.

Mas isto só acontece sendo eu moço. Com as raparigas é totalmente diferente. Existe nesta cultura de discoteca dois lemas: “Antes gaja que gajo” e “Quanto mais boa, melhor”, explicando o facto de senhoras pagarem menos que senhores e haver quilos de miudas de 12 anos com mamocas maiores que as cabeças que passam à frente de todos nas entradas para este dançatórios. A equação é bastante simples. Gajas pagarem menos e quanto mais decotadas melhor entram = + Gajas Boas = Gajos Babados a quererem impressioná-las = Comprar bebidas = Gastar montes de dinheiro = Magnata da discoteca mafioso absurdamente rico. No fundo, é um negócio da carrrrrne!!!

Bom, tanta coisa tanta coisa e ainda nem entrámos na Discoteca! Eu lembro-me da primeira vez que entrei numa discoteca…o Loft. Também não entrei em mais nenhuma e não muitas mais vezes. Mas dessa primeira vez foi muito engraçado porque eu estava muito aflito para ir órinar e a casa de banho era exactamente no sítio oposto ao que eu estava. Então tive de atravessar toda a pista de dança, calcando alegremente os pés de quem tentava passar uma noite descansada a dançar. Eu imagino, aliás sei, que para quem gosta muito de dançar uma discoteca é um sítio muito fixe. Para quem não gosta, acreditem, é uma seca! Pronto, os primeiro 30 segundos são giros. Depois farto-me e a única maneira de acompanhar quem dança é flectindo ligeiramente as pernas, como sugerem os Gatos Fedorentos. Mas o que eles não dizem é que flectir ligeiramente as pernas cansa para caraças!!! Hão de experimentar para verem como é que ficam com as pernas depois…!

Então e se eu quiser estar numa discoteca e não quiser dançar de todo, pergunta quem está muito curioso por ir a uma discoteca? Pode sempre fazer o que muito bom moço faz: encostar-se ao balcão a emborcar porcarias alcoólicas quaisquer e a observar as moças na pista de dança. Ou as que servem à mesa. Há mesmo caramelos que passam noites inteiras nisto! Mas, se fordes como eu que não gosto de bebidas alcoólicas, muito menos as que se vendem nas discotecas(que ninguém me tira da cabeça que contêm todas urânio empobrecido), há sempre uns puffs jeitosos onde uma pessoa pode se sentar e…ficar lá sentado, tendo em conta que, se há algo que é proibido numa discoteca é ter uma conversa! Com sorte talvez apanhem pérolas da lingua portuguesa como estasDSC00014 (2)DSC00013 (3).

Não percebo mas admiro como algumas pessoas, depois de terem dias de escola ou trabalho, ainda se atrevem a sair à noite, atravessar toda a 24 de Julho, a subir a rampa de Santos, percorrer todos os bares e ir dançar para uma discoteca… Como vêm, eu adorei estas experiências de sair à noite. Já me disseram que tinha de experimentar outros sítio, que o Bairro Alto é que eu ia gostar…não sei, logo se verá…

E assim acaba uma noite em Santos, lá para os lados do Ramalhete, na Janelas Verdes, onde morava Carlos da Maia de Eça de Queirós. O mais provável é que, se o Carlos ou o Ega fossem vivos hoje em dia, frequentariam muito provavelmente estes mesmos sítios e curtiriam à brava. Portanto, como vêm, vocês que muito gostam de discotecas (e que se juntaram aos fãs de rugby no clube “Vamos Odiar o Vulgaruxo”) não estão tão longe d"Os Maias" quanto gostariam!

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